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Auschwitz: Um Relato Pessoal – O Que Senti ao Visitar os Campos de Concentração

Conheça a minha experiência pessoal ao visitar Auschwitz. Um relato genuíno e reflexivo sobre as sensações e pensamentos que surgiram durante a visita aos campos de concentração

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Ao ler um artigo na página de um amigo esta semana, fui motivado a tentar expressar as sensações que vivenciei ao visitar os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau. Compreendo que pode ser desafiador descrever experiências tão dolorosas com palavras bonitas.

Espero que, ao ler este relato, você consiga captar um pouco do que senti lá. As palavras que compartilho podem ser chocantes e difíceis de acreditar, mas representam uma realidade que não está tão distante.

Meu primeiro contato com campos de concentração foi quase seis meses antes de minha viagem à Polônia, no Museu Imperial de Londres. Lá, deparei-me com uma maquete do Campo de Birkenau, que se revelou ser maior que uma quadra de voleibol. Assim compreendi que estava diante do maior campo de concentração do mundo.

Auschwitz é um termo que engloba um conjunto de campos de concentração criados pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, localizados na região sul da Polônia, na cidade de Oswiecim, a 60 quilômetros de Cracóvia. Embora não seja o único campo de exterminação em massa, tornou-se um símbolo do terror, genocídio e Holocausto. O acesso pode ser obtido a partir da rodoviária de Cracóvia, utilizando um minibus que parte pela manhã e retorna ao fim da tarde.

Ao adquirir os ingressos para os campos, você tem acesso também ao museu, onde um vídeo explicativo contextualiza historicamente o local e sua função durante a guerra.

Auschwitz, em si, é o primeiro e menor campo do conjunto, funcionando como o centro administrativo. Capaz de abrigar quase vinte mil pessoas, a maioria era composta por intelectuais, homossexuais e considerados “anti-sociais”. Os prisioneiros frequentemente saíam durante o dia para trabalhar arduamente, retornando ao anoitecer e deparando-se com a frase no portão principal de Auschwitz: “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”). As condições precárias resultavam em altas taxas de mortalidade.

Cada edifício em Auschwitz I apresenta estatísticas dos grupos de prisioneiros alocados, como “Prédios Polacos”, “Prédios Holandeses”, entre outros. Alguns edifícios exibem objetos do cotidiano dos internos, como sapatos, óculos e roupas. A seção mais impactante exibe objetos pessoais “roubados” pelos soldados durante a “seleção” dos internos, incluindo pilhas de documentos, malas, próteses ortopédicas e emaranhados de cabelos.

O edifício número 10 era utilizado para testes de injeção letal, enquanto o número 24 funcionava como prostíbulo, oferecendo “privilégios” aos “melhores prisioneiros”. Cerca de 70.000 pessoas foram mortas apenas em Auschwitz I, com a construção de uma câmara de gás e um crematório.

Embora Auschwitz seja conhecida pela quantidade de judeus presos e mortos, a triste realidade é que a maioria dos grupos de judeus de toda a Europa foi assassinada em Birkenau.

Birkenau, ou Auschwitz II, era uma vasta Máquina de Matar, com capacidade para milhares de pessoas. Uma ferrovia eficiente passava pelos portões do edifício principal, indo até a “plataforma de seleção”. Médicos avaliavam as condições físicas dos prisioneiros no momento do desembarque, determinando seu destino. À direita, a câmara de gás aguardava; à esquerda, a possibilidade de trabalho e vida um pouco mais prolongada. Nesse momento, famílias eram desfeitas.

Assim como em outros campos, Birkenau era cercada por cercas elétricas e arames farpados. Apesar de ser maior, as condições de vida eram ainda piores comparadas a Auschwitz. Com exceção do portão principal e das câmaras de gás, muitos edifícios eram pouco protegidos, alguns feitos de madeira, permitindo a penetração impiedosa do rigoroso inverno.

É possível sentir o frio daquele lugar. Quando enfrentei apenas dois graus negativos, vestindo suéteres e jaqueta, numa tarde que considero o pôr do sol mais frio de minhas viagens, não posso sequer imaginar enfrentar 15 ou até 20 graus negativos vestindo apenas aqueles pijamas listrados. Sem dúvida, o inverno de Auschwitz é mais implacável.

A primeira câmara de gás construída em Birkenau era conhecida como “A casinha vermelha”, um destino final para milhares de homens, mulheres e crianças que nunca tiveram escolha ou influência em seus destinos. Ao saírem dos alojamentos para um banho coletivo, deixavam suas roupas em cabides numerados, sem saber que jamais voltariam para buscá-las. Os nazistas buscavam evitar o pânico para manter a ordem em sua máquina de extermínio em massa, que matava mais de 4000 pessoas por dia.

Sei que as palavras deste texto chocam, e sei que, muitas vezes, é difícil acreditar, mas essa é a realidade de um passado não tão distante. A emoção é inevitável ao relembrar o dia em que estive nesse lugar.

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