Prepare a Mochila

A minha experiência AIESEC

Um blogueiro narra sua experiência transformadora através da AIESEC: imergindo em um novo país e cultura, enfrentando desafios como barreiras linguísticas, e crescimento profissional na Espanha. Apesar de ter seu relato detalhado inicialmente não publicado devido a falhas organizacionais, eles o autopublicam, esperando inspirar futuros participantes de intercâmbio. Sua jornada ilustra o desenvolvimento pessoal e profissional, descobrindo ambientes multiculturais e o valor de sair da zona de conforto.

Índice do conteúdo

Alguns meses atrás, a equipe de marketing da AIESEC entrou em contato comigo, solicitando um relato sobre minha experiência no exterior. Segundo entendi, a ideia era publicar em algum lugar, embora eu não me lembre exatamente onde, com o intuito de motivar aqueles que estivessem indecisos sobre a realização de um intercâmbio.

Naturalmente, aceitei a oportunidade de compartilhar minha experiência. Afinal, minha rotina sempre foi a principal fonte de conteúdo para este blog, então escrever sobre ela não representou um desafio significativo. Escrevi o relato, enviei-o e recebi elogios por ele. No entanto, pelo que parece, meu relato nunca foi publicado.

A AIESEC, sendo uma organização coordenada por estudantes, provavelmente enfrenta uma alta rotatividade de pessoal, e talvez a ideia de publicar relatos como o meu tenha se perdido em meio a essas mudanças. No entanto, como já tenho o texto pronto e este meio para publicá-lo, decidi fazê-lo por conta própria. Quem sabe, algum membro da AIESEC pode encontrá-lo no Google e, com sorte, minha experiência contribuirá para suas decisões! Portanto, aqui está o relato que escrevi no início de julho de 2014:

Quando me inscrevi para o GIP da AIESEC, eu já sabia que minha vida mudaria drasticamente. Um novo país, um novo idioma, uma nova cultura, uma nova rotina, outros hábitos e costumes, pessoas diferentes e paisagens completamente novas. Tudo seria diferente, mas isso não me assustava. Pelo contrário, eu buscava os desafios.

Com essa mentalidade, comecei minha busca por uma GIP que se encaixasse no meu perfil. Quando a oportunidade surgiu, ainda faltavam seis meses para minha graduação, e um dos requisitos era ser recém-graduado. Mesmo assim, me inscrevi e até fiz uma entrevista. Infelizmente, o resultado foi negativo, mas continuei minha busca determinado. Sabia que, em algum momento, encontraria a oportunidade certa. E a sorte estava do meu lado: seis meses depois, apenas seis dias antes da minha formatura, a mesma TN estava disponível novamente. Parecia um sonho! Não perdi tempo e me inscrevi novamente. Quarenta dias depois, estava desembarcando no Aeroporto de Barajas, em Madrid.

Você pode estar se perguntando por que escolhi esse caminho. Por que tanta dificuldade? Poderia ter ficado em casa, perto das pessoas que amo, procurado um emprego no Brasil, especialmente naquele momento em que o setor da construção estava em alta. Poderia ter começado a juntar dinheiro, comprar um carro, talvez casar e buscar uma vida estável. Poderia ter seguido o que muitos chamam de “se acomodar”. Mas não, eu não estava pronto para isso. Queria mais!

Em maio de 2013, iniciei meu intercâmbio em uma empresa de engenharia presente em mais de 20 países. No começo, eu não falava uma palavra de espanhol. Lembro-me de pensar: “Será que dei um passo maior do que a perna?”. No entanto, persisti e me esforcei. Em novembro, recebi a notícia de que a empresa estava interessada em me contratar. Decidimos prolongar o máximo possível meu período como “Aiesecer” devido às burocracias do país. Hoje, estou aqui há um ano e três meses, preparando a papelada para obter um visto de trabalho. Compartilho uma sala na empresa com engenheiros espanhóis, italianos, franceses e portugueses. A cada dia, conheço pessoas de todo o mundo. Minha lista de países visitados saltou de 20 para 38.

Minha vida se tornou mais tranquila. Mudei-me para uma cidade de médio porte, para uma casa no centro histórico. Moramos quatro pessoas: eu, um chileno, uma russa e um espanhol. Não preciso mais me preocupar com o trânsito ou onde estacionar. Dez minutos de caminhada pelo calçadão e estou no escritório. No verão, o sol se põe às 22 horas, garantindo um fim de tarde na praia.

Durante esse ano, tive a oportunidade de melhorar meu inglês e meu italiano, além de aprender espanhol. Aprendi muito sobre os sistemas de construção europeus e pude compará-los com os utilizados no Brasil. Estudei a normativa brasileira e, embora trabalhe na Espanha, aprendo muito sobre meu próprio país. A cada dia, desenvolvo minhas habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal. Trabalhar em um ambiente internacional é um exercício diário de tolerância e paciência. Recentemente, fui aprovado em um mestrado em Engenharia de Materiais, aqui em Alicante, onde moro e trabalho.

Ouvi muitas histórias e conheci muitos relatos. Aprendi muito sobre a política e os costumes de diversos países, sob diferentes perspectivas. Se independência pudesse ser medida, a minha teria, sem dúvida, dobrado ou triplicado. Manter a calma e a serenidade muitas vezes é crucial, tanto na vida pessoal quanto profissional. Planejar muito raramente é um erro.

Você deve ter notado que a palavra “aprendi”, ou seus sinônimos, aparece repetidamente neste relato. Isso não é por acaso. A aprendizagem em uma vida no exterior acontece quase diariamente. Não apenas a partir do que leio ou conheço, mas também ao me tornar um expert em Geografia e História, quase sem esforço. Quando você viaja, naturalmente adquire conhecimento sobre sistemas de transporte, diferenças de fusos horários e distâncias de voo entre cidades. No entanto, o maior aprendizado é sobre si mesmo. Ao sair da zona de conforto, você embarca em uma jornada de autoconhecimento e passa a valorizar as coisas simples, como dormir na própria cama ou passar um domingo em família.

Hoje, me pergunto: “E se eu tivesse esperado mais para me inscrever para essa GIP?”. E se tivesse desistido após a primeira rejeição? E se eu não tivesse conhecido a AIESEC? Quem sabe, teria comprado um carro e estaria preocupado em lavá-lo nas manhãs de sábado!

Agradeço profundamente à AIESEC Joinville por proporcionar-me essa experiência única. À AIESEC Valência e à CYPE Ingenieros, que me receberam e acolheram tão bem. Aos meus amigos e familiares, que sempre me apoiaram e compreenderam. E, por fim, a todos os leitores que acompanham o meu blog www.prepareamochila.com

P.S.: Na data desta postagem (janeiro de 2015), algumas coisas já haviam mudado. Conseguimos meu visto de trabalho, comecei o mestrado e minha lista de países visitados cresceu para 43. Novas oportunidades surgiram, novas experiências vivenciadas e, com elas, novos desafios. Um forte abraço, e o mundo está esperando por todos nós!

P.S.2: Em fevereiro de 2024 eu revisitei este artigo e a lista de países havia passado para 67, eu já havia acabado meu mestrado, meu doutorado e havia crescido na CYPE passando a ser Diretor de Marketing, depois de 11 anos trabalhando na empresa.

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