O principal motivo da minha visita ao Camboja era explorar o magnífico complexo religioso de Angkor. O local é tão vasto que é comum as pessoas alugarem um Tuk-tuk por um dia, para facilitar o deslocamento de templo em templo. Segui essa mesma prática e foi surpreendentemente acessível, custando cerca de 15 reais por dia.
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O motorista, vestindo uma camiseta do Barça, era extremamente amigável. Logo ao sairmos do hostel, ele perguntou: “Quer que eu coloque música?”.
Ele parou o veículo, desligou o motor e foi até o compartimento de bagagem. Retirou uma caixa de som maior, feita de madeira, e a colocou entre os assentos, aos meus pés. Conectou seu celular à caixa de som com um cabo e seus olhos brilhavam de orgulho quando os alto-falantes ecoaram um hit da Kesha. “Isso é uma novidade por aqui, amigo!” – exclamou com entusiasmo – “Comecei com essa ideia e agora já vejo outros Tuk-tuks por aí adotando o mesmo estilo.” Fiquei encantado com tudo aquilo!
“Você pode escolher a música aqui” – ele me ensinou, apontando para o botão em um Nokia vermelho. Ao ver a tela, percebi que os números eram familiares, mas o texto em Khmer era apenas um amontoado de símbolos para mim.
“Deixe o celular comigo e você pode escolher as músicas” – ofereceu, deixando o aparelho no banco dianteiro. Então, partimos pelas caóticas ruas de Siem-Reap. Era evidente que aquilo era uma novidade, todos olhavam para nós!
Passamos o dia explorando o complexo de Angkor, pulando de templo em templo. Sempre que voltávamos ao Tuk-tuk, ele repetia a mesma pergunta: “Quer que eu coloque música?”. Quando o dia estava acabando e estávamos atrasados para o pôr do sol no Phnom Bakheng, ele diminuiu a velocidade e perguntou: “Acabou a bateria?”.
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Absorto na maravilha daquele lugar, nem percebi que a música havia parado. Ao olhar para o banco, vi apenas o cabo desconectado. Vasculhei o Tuk-tuk em busca do celular, mas tudo o que encontrei foram aberturas por onde o aparelho poderia ter caído. Que decepção!
“Como isso aconteceu?” – perguntou o motorista, indignado – “Quando foi a última vez que você ouviu música?”. Sem ideia de quando foi, respondi: “Desculpe, não prestei atenção e não me lembro”. Foi realmente lamentável.
Ofereci-me para ajudar na busca, mas ele, com um sorriso, disse: “Não, você fica no templo e eu procuro. Você não quer perder o pôr do sol no Phnom Bakheng, certo?” Isso, para mim, foi um exemplo claro de nobreza e simplicidade em ação.
Infelizmente, tanto para mim, que queria aproveitar ao máximo o momento, quanto para ele, que precisava de luz para procurar o celular, o sol se pôs rapidamente.
Foi triste vê-lo retornar de mãos vazias. O animado passeio pelos templos, cheio de música, terminou em silêncio. Espero que algum colega Tuk-tukista tenha encontrado o celular e que o nosso amigo tenha retornado como o “trio elétrico de Angkor” mais uma vez! Restou-me recompensá-lo com uma boa gorjeta e nunca esquecer aquele pôr do sol no Império Perdido de Angkor.
Um dia, quem sabe, escreverei sobre o pôr do sol e o motivo de não ter postado uma foto dele hoje. E como sempre, se você gostou, por favor, curta e compartilhe nas redes sociais. Isso me ajuda muito!